Época de Natal, e todos animados para
o fim de ano. É coisa boa, só que um ingrediente dos pratos mais gostosos da
ceia pode trazer problemas; daí a necessidade de se ter
informações sobre ele.
Todos nós certamente já ouvimos falar
na doença celíaca. Aquela que faz os seus pacientes sofrerem bastante e por
vezes até ficarem inchados e vermelhos ao comer quaisquer derivados desse
curinga na culinária: O trigo.
Tanto faz ser
um bolo, coxinha, pão francês, biscoito, panetone ou salgadinhos. Doce
ou amargo, salgado ou azedo, esse “metamoforseante” pode se transformar em qualquer coisa, e é
também por isso que ele pode, em nosso organismo, fazer muito estrago.
O trigo tem uma proteína odiada pelos que dela tem alergia,
conhecida como glúten, a qual é uma proteína amorfa (que não tem estrutura definida), composta pela mistura de longas cadeias protéicas de gliadina e glutenina. A gliadina é o componente essencial do glúten que dá ao pão a
habilidade de crescer durante o seu preparo e também é responsável por envolver
as moléculas de amido.
Segundo médico e doutor Drauzio Varella: “ [...] a gliadina, contém a maior
parte dos componentes nocivos. Em
pessoas predispostas, moléculas não digeridas de gliadina, ao entrarem em
contato com as camadas mais internas da mucosa intestinal, disparam uma reação
imunológica no intestino delgado, causadora do processo inflamatório crônico
responsável pelos sintomas da doença celíaca.”
A glutenina por sua vez é responsável pela firmeza e
elasticidade da “massa”, em que o pizzaiolo, sem maiores dificuldades, faz dela
o que quiser; rola e amassa, estica e diminui. É uma molécula de alto peso
molecular que se estabiliza por pontes dissulfeto e de hidrogênio, além das
forças de interação mais fracas.
Hoje a frase mais comum quando se leva
às mãos um produto industrializado é: “Contém Glúten” ou “Não Contém Glúten”. Qualquer produto é por lei obrigado a
dizer se tem ou não essa proteína. Não é mais
especulação o fato do glúten grudar nas paredes do intestino, causando a má
assimilação de nutrientes, podendo levar a sérios quadros de anemia e
deficiências nutricionais. A própria palavra vem do latim “gluten” e quer dizer cola. Tanto por dar
elasticidade e liga à massa ou por realmente colar no intestino, criando uma
parede em volta das microvilosidades. Seu nome realmente deveria ser “grúden”.
Muita gente diz que essa proteína é inofensiva, contudo,
será mesmo? Será que o trigo é realmente saudável, ainda que seja integral?
Dr. William Davis prova que não. Em
seu livro “Wheat Belly” - literalmente barriga de trigo-, ele dá motivos para
correr do trigo só ao vê-lo. Ele começa
falando sobre a história dessa planta, voltando no tempo uns 10.000 anos para
dizer que o trigo que comemos hoje é bioquimicamente diferente do trigo que
nossos ancestrais comiam. Na realidade, o trigo que nossos bisavôs comiam há 50
anos é muito, só que muito diferente do trigo usado hoje em dia. Isso acontece
porque ele foi sendo hibridizado e geneticamente modificado ao longo dos anos
tanto para aumentar drasticamente sua produção em condições adversas, ou para
melhorar algumas características de gosto ou forma sempre almejadas pelos
espertos cozinheiros. A questão é que de lá pra cá a doença cardiovascular hoje
é a causa nº 1 de todas as mortes no planeta inteiro, segundo esse gráfico de
2012 da Medical News.
No mundo
|
Morte em milhões
|
% de mortes
|
Doença cardíaca isquêmica
|
7.25
|
12.8%
|
Acidentes vasculares cerebrais e outras doenças cerebrovasculares
|
6.15
|
10.8%
|
Infecções do trato respiratório inferior
|
3.46
|
6.1%
|
Doença pulmonar obstrutiva crônica
|
3.28
|
5.8%
|
Diarreias
|
2.46
|
4.3%
|
HIV1/AIDS
|
1.78
|
3.1%
|
Câncer4 de traqueia5, brônquios6 e pulmões7
|
1.39
|
2.4%
|
Tuberculose2
|
1.34
|
2.4%
|
Diabetes mellitus3
|
1.26
|
2.2%
|
Acidentes de trânsito
|
1.21
|
2.1%
|
Fonte: News.med.br
A questão é se isso tem alguma coisa a ver com o
trigo. O Dr. Davis diz: "Small changes in
wheat protein structure can spell the difference between a devastating immune
response to wheat protein versus no immune response at all."
Ou seja, até pequenas mudanças nas estruturas proteicas
do trigo podem fazer a diferença entre uma resposta imunológica devastadora versus
nenhuma resposta imunológica.
O doutor mostra também que as
proteínas do trigo hoje são estranhas ao nosso organismo; foram encontradas 14 novas proteínas que não estão presentes no trigo
original. Segundo dados demográficos, a doença celíaca ou até a completa
intolerância ao glúten quadruplicou nos últimos 50 anos. A mensagem é que ainda
que você não tenha sido diagnosticado com qualquer sensibilidade ao glúten, não
quer dizer que comê-lo constantemente não está causando a você inflamações
crônicas e outros tipos de doenças a longo prazo no
seu sistema digestório, além de outras doenças autoimunes. E lembre-se que
inflamações crônicas ao intestino e ao colón pode levá-lo ao temido câncer mais
tarde.
Um fato curioso é o que Pero Vaz de Caminha relata
em sua carta a Dom Manuel I, rei de Portugal. Ao descrever as cenas que viu,
menciona a alimentação dos índios: “Nem comem senão
desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as
árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não
somos nós tanto, com quanto trigo e
legumes comemos.”
Vai ver,
tem algo a ver.
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