No dia 31 de janeiro deste ano, um acidente químico ocorreu no curtume (lugar onde se processa couro de gado) da empresa frigorífica Marfrig, em Bataguassu (335 km de Campo Grande), causando a morte de quatro trabalhadores, além de 16 hospitalizações. Segundo o Corpo de Bombeiros, a informação inicialmente fornecida consistia numa reação química de uma substância desconhecida com o dicloro propiônico, uma das substâncias utilizadas para beneficiamento do couro. Porém 24 horas depois, houve o esclarecimento de que as mortes foram provocadas pela inalação do ácido sulfídrico (H2S) que na temperatura ambiente é um gás altamente tóxico e corrosivo. O gás foi formado a partir de um dos produtos de uma reação envolvendo o sulfidrato de sódio (agente redutor usado para retirar o pelo do couro bovino) com uma substância desconhecida. O grupo Marfrig, proprietário da marca Seara, prestes a se tornar a maior processadora de carnes do mundo com fábricas espalhadas por todos os continentes, foi multado em 1 milhão de reais.
RECONSTITUIÇÃO DO ACIDENTE
Um caminhão da Marfrig trouxe um carregamento de 10 mil litros de
Coramin, agente à base de sulfidrato de sódio, que seria despejado em um dos
três tanques subterrâneos instalados no curtume. Após o motorista ter
descarregado cerca de 600 litros, uma densa nuvem de gás começou a ser formada,
e três funcionários que estavam presentes numa estrutura acima do tanque
desmaiaram na hora. Outro funcionário tentou descer as escadas da estrutura
para fugir do gás, mas desmaiou no caminho. Ao perceber o que estava
acontecendo, o motorista conseguiu fechar a válvula e se afastar do local.
Quando os bombeiros chegaram, muitos funcionários apresentavam mal-estar, e
assim que todos foram retirados do curtume, esse foi isolado. Uma equipe de
bombeiros de Campo Grande especializada em acidentes com produtos químicos foi
até o local para ajudar na apuração do ocorrido.
Imagem retirada do Telejornal MS Record 1ª edição |
PONTO DE VISTA BIOQUÍMICO
Segundo Sílvio César de Oliveira, professor de química da Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul, durante a transferência do Coramin para o
tanque, o pH do meio pode ter baixado, causando a evolução do gás. Numa
concentração em torno de 700 a 1500 ppm (partes por milhão), o ácido sulfídrico
pode levar uma pessoa à morte em cerca de dois minutos. Após passar pelos
pulmões, o ácido sulfídrico chega à corrente sanguínea e quando atinge o cérebro
passa a agir no Sistema Nervoso Central, ocasionando a paralisação do sistema
respiratório e consequentemente uma morte por asfixia. Essa é uma das causas
que está sendo cogitada por peritos e pesquisadores na área da química, mas
ainda não há certeza do que tenha reagido com o sulfidrato de sódio para
provocar o desastre.
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